sábado, 10 de agosto de 2013

Carrego dentro de mim a via láctea inteira
Que gravita,
Levita
pela força da vida.
E transcende em apenas uma estrela que brilha
num ponto da testa.
A partir disso carrego comigo o infinito
Não preciso do Tâmisa, do Sena ou do Tejo
Meu Capibaribe é o suficiente
para irrigar minhas venturas
e minha artéria pulsante.
Ancoro em suas águas para descansar
os sonhos
os meus que se confundem com aqueles cantados
pela mãe d'água.
Alimentada de seus segredos,
Ergo todo o sistema solar que carrego no ventre.
No seu espelho d'água enxergo o mundo inteiro em sua mais alta grandeza
Porque, como diz Caeiro
"eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura."

E Deus? Morreu?
Ninguém me avisou.
Faltei ao seu enterro.
Faz tanto tempo!
A conversa já era outra.
Hoje só nos restam fragmentos.
Ideias, perguntas
De menina pequena
Moça-raposa.

Tantos sonhos e desencontros
Tantas palavras acumuladas no silêncio.
E o que fizemos?
Introduções sem finais.

Conversas tortas
Teatros tortos
beijos tortos
Discursos tortos.

E por que o deserto é tão lindo?
Porque guarda as estrelas.
E nós neste amanhecer besta
de estrelas artificiais.

Nos banquinhos da praça as borboletas voam.
E eu continuo residindo sobre as árvores élficas
Onde o ar para.

E Deus não veio.
Escorreu assim por entre os dedos
Só ficou o medo medonho na ponta do dedo.
No dedo que aponta o futuro
O destino  em reticências


Passam carros
Passam árvores - todas calçadas.
Passa gente
Uma mulher eleva o pé
ajeita o sapato.
OPS! Sinal fechado
É melhor andar logo.
Já já todas os portões dos castelos
E a cavalaria avançará em seu retiro
Soarão dezoito horas
para a marcha começar

Primeira, segunda, freio
Primeira, segunda, freio

A vida acontece fora da janela

Espera

Espera

No carro
No casulo
Eu Casmurro