domingo, 29 de maio de 2011

Função da Linguagem: emotiva

A carta do tarot da semana foi a do Sol. E mais uma vez eu faço meus comprimentos ao poder de significação deste jogo. É verdade! Eu preciso fazer de mim um sol e brilhar por mim mesma, intransitivamente. Ver a felicidade escorrer em excessos e assistir à vida fluir como tem que ser, como sempre foi, assim, leve e exuberante como um passeio a galope.
Possuo a perspicácia de diagnosticar meu interior e meus limites melhor que o exterior. por isso, a facilidade das palavrear o que sinto salta constantemente da língua como a relação de um gato para com seus pêlos. E da mesma maneira que as coisas constantes na vida tornam-se imperceptíveis aos olhos de todos, meu lado sensível, então, já não é mais olvidado. Lá vem com essas bobagens. Que nada! Curte a vida! E bem, a resposta seria mais ou menos assim: se senti, logo curti. Captei o sintoma que se adentrou e o emergi de tal forma que alcançou o meu sensível. Ao encontrarmos os queridos, devemos-lhes contar nossas importâncias. O que há de mais importante senão aquilo que nos fez pensar sobre, aquilo que nos fez sentir.
Pois então, vistoriando as incongruências do diálogo e enaltecendo o assunto por outro ângulo, conheço-me, enfim. Sei de meus erros e os perdoo porque também conheço suas respectivas razões, as minhas razões. Compreendo também de meus estados, por conseqüência o que devo fazer para ser melhor. E o principal item desse patamar estar em sentir o outro e atingir o mais profundo significado de uma relação e suas respectivas fronteiras.
Dessa forma, crescerei como humana em sentimento e espírito. O aprendizado é sempre uma virtude, principalmente ao enfocar relações internas. Serei mais objetiva no meu caminho de sol: para melhorar, preciso cuidar do que e tenho e não do que eu desejo.
Tenho uma casa bagunçada, uma filha linda, muito trabalho e um mestrado para executar, um corpo iniciando a aceitação da idade, irmãos que amo bastante e uma mãe que carece de mim.
Não sou engraçada, nem tão legal. Vivo por fora da moda porque nunca consegui realmente enxergá-la, e costumo confundir a gentileza com compromisso pelo hábito simples de acreditar nas palavras como também nos gestos, pelo hábito de não me permitir - isso jamais - perder tempo ouvindo discursos de política do bom trato da superficialidade. Contudo, confesso que essa é a minha sina, e para evoluir preciso nadar contra a maré, aprendendo a me divertir no raso, na praia, apenas molhar meus tornozelos - não o corpo inteiro.
Preciso melhorar meus versos.
Preciso terminar meus livros.
Preciso não sonhar.
Preciso pensar pequeno.
Preciso acreditar em Deus.
Preciso aprender a esperar, ou não esperar por nada.
(E daí só me resta Fazer, mas então volto ao mesmo ponto porque faço, faço porque sou auto-suficiente e consciente de mim e de meu papel, ou meus papéis)
Aprenderei a esperar.
As pessoas não têm meu tempo
As pessoas não têm pressa
As pessoas não percebem o tictac
As pessoas não têm tempo
Nem tempo, nem pressa, nem consciência
As pessoas não tem a si. Sou só os outros, outros, outros, outros

domingo, 8 de maio de 2011

Belém

Blem Blem
E os sinos se desdobram para quem?
E a pele está entranhada
de terra molhada
de terra preta e grossa
de pele de tronco
Tronco velho que se adentra
nas façanhas da água escura
doce e velha
e oleosa
que escorre
que lava
deliciosa
os mistérios do meu batuque
Céu que invade azul
nas águas do trovão
Trovão vermelho da folhagem velha - glab glab
do ruído shhhhhiiii
do vento que sopra …
palavras do silêncio - chacoalha os cabelos -
dos cílios violentos
dos sabores que lavam a boca do rio
feito chupada de linchia
e se cola num colar sem fio
e termina amargo
na madrugada da pupunha
céu seco de uma terra sem sal.