segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sala de espera

boca na minha minha boca
no deleite
na saliva
no ponto que acende e transcende
que acorda e me doma
e se apaga

Boca na palavra de renda
no encaixe da palavra dita
molhada
suada
boca na palavra deitada
e escondida

Boca nas letras vagas dos dedos
na palma da mão espalhada nas costas
boca no beijo derretido
no laço da boca posta
na violência que pulsa dentro
e joga pêlo de pele em pé

Boca no queixo
nas esquinas
nos ângulos de teu corpo
escorre pelo pescoço reto em fúria em fogo.

Boca na minha boca
boca nos meus versos
boca nos meus olhos
boca de meus olhos:
guardo meus desejos em tua boca.