quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quite!

Dei-me um espaço
- Um abismo
Para retirar o mar inteiro
- Com meus dedos
E preencher-me
- É minha única saída
Desta vida maldita e suas artes
- Meus cárceres
E preenchem-me
Um pássaro vermelho me circunda
- É o sangue
Que palpita, que pulsa que
De mim emerge
- E me enjoa
E me preenche.

Quadro

Você me vê quadro
Esquece que não tenho molduras
Pode entrar neste fantástico
E usufruir sem espessura

Você chega e abre a porta
(não deste quadro)
Pendura as botas
Seqüestra este espaço
E eu espero
E então lá se vão as horas
Não há toques
Entre nossas bocas

Você pensa que sou rica
Organizadamente repleta de qualidades
Você pensa que sou fita
De amarrar em cabelo de boneca
Você esquece que sou esperta e lagartixa.

Mas organizadamente percebo vocabulário
Palavras belas de enganar bonecas
E não lagartixas de plástico
Você senta, deita e dorme como o ar
Que se sabe, se sente e não toca

Esquece que sou matéria
Vivo de toque e aconchego
Crio agora poeira
Do tempo e da distância
Que saco!
Desabafo.
Cansa.

Agora sou organizadamente aquela boneca
De matéria quase morta
Um quadro sem molduras
Uma fita no armário
Pendurada entre suas botas

Você nem chega a…
Você esquece mesmo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A gente

E daqui iremos pra onde?
O tempo corre e o vento leva
A gente ao tempo que tentávamos
Chegar, e não chegamos,
- tentamos.
Que nada!
Quero ter a ousadia de ter certeza
Que quero sempre
Sempre que quero é diferente
A gente
Pode ser
Quem sabe daqui pra frente
Voaremos como o vento para
O tempo que nunca chegamos.
Tentamos, tentaremos
Queremos?
A gente.
Querer?
Tentar.
Já somos, ou nunca seremos
E daqui, iremos para onde?