segunda-feira, 19 de setembro de 2011

De vagar




De vagar
pego uma flor
E dedilho sua forma
Toco sua cor

 De vagar
As folhas se sacodem
O vento sopra
A lua olha

De vagar
O telefone toca
Ou finge que toca

De vagar
Um sonho chega
Invade e sacode

De vagar
A felicidade vem
Se mostra e vai

De vagar
A pele
A pele
A pele

De vagar

De vagar

Ela não foi
Ela está aqui

Não foi um prédio que caiu
Foi uma nuvem que passou

De vagar

Já tenho minhas asas
Erguidas a duras penas
Já tenho minhas espadas
De aço, de ouro e prata
Já tenho minas pedras
Espalhadas pelo caminho
Já recebi meu anjo torto
E bem sei e aceitei quanto sou torta
Adoro!
Já tenho minha casa
De boneca, de cimento, no couro
Já tenho minha cara
Pública, escondida, e a oculta
Já tenho minhas letras
Minha voz, minhas crenças
E agora vivo o mundo inteiro
Na voz, na letra, na cara, no couro, torta
Torto, pelos caminhos ancorados
Em minhas espáduas
As penas
Duras penas